A Ilha do Medo (Shutter Island, 2010) 138 min
Direção: Martin Scorsese
Roteiro: Laeta Kalogridis, Dennis Lehane
Elenco: Leonardo DiCaprio, Mark Ruffalo, Ben Kingsley, Max von Sydow, Michelle Williams, Emily Mortimer, Patricia Clarkson, Jackie Earle Haley, Ted Levine
Dito como um dos filmes mais ousados de Martin Scorcese, A Ilha do Medo chegou para superar algumas previsões quanto à qualidade, e em alguns casos, para decepcionar os fãs do cineasta. Surpreendente, talvez, pelo fato do diretor acostumado a contar histórias, agora usar o suspense como sua principal arma. Do trailer à sinopse ultra-misteriosa, até a premiére tudo era um suspense quanto ao filme. De fato, o marketing feito “sem-querer” em torno dele, fez com que o mesmo se tornasse fielmente aguardado pelos fãs do cineasta, e até para os que não tinham tanto apreço por Scorcese.
Os que defendem (inclusive esse que vos escreve), trata o filme como uma obra que mostra a genialidade e versatilidade de Scorcese – que planeja até rodar um filme infantil, antes nunca feito por ele. Os que atacam, jogam a culpa na forma como o filme é contado.
As seqüências que, de uma forma, apresentam o personagem são por ora demasiada longas, e por vezes, quebram o ritmo do filme. Apesar de belíssima fotografia, mudar o foco para a guerra nazista talvez tenha deixado o filme mais monótono. No momento que Scorcese nos incitou a invocar nosso lado Sherlock, era dever do próprio de alimentar essa alma. Sem tempo para apresentar personagens. Queríamos os mistérios resolvidos. Esses que pareciam se alongar a cada minuto do filme, a ponto de brotar um nome novo a cada quinze minutos.
Essa talvez tenha sido a maior falha do filme, mas pode passar despercebida para os menos exigentes. A belíssima fotografia, a música de um suspense forçado e os “pans” que surgiam ao longo do filme ajudaram na criação de um clima sombrio e preparado para reviravoltas. Assim como a névoa e o temporal, fatores que deram à impressão de isolar o personagem em seu mundo, deixando o à mercê de seus próprios delírios.
O roteiro conseguiu façanhas que podem ser elogiadas. Jogaram os mistérios aos poucos e finalizaram de forma belíssima. Sem o velho clichê da solução Scooby Doo. Scorcese ainda conseguiu um feito que ora foi atingido em Táxi Driver, a de uma cena final deixar dúvidas que dificilmente serão respondidas. E assim como Robert DeNiro foi exímio no exercício de seu taxista rancoroso, Leonardo DiCaprio consegue o mesmo feito com seu policial misterioso.
No fim, A Ilha do Medo é um ótimo exercício cinematográfico. Todo o mistério e suspense foram de alguma forma supridos com todo o glamour que o filme demonstra. A quebra de ritmo proposital fez ocorrer outro fator que perdura no filme, a responsabilidade em contar a história, incrementando o terror da guerra nazista mostrado de forma crua. É a névoa do Scorcese fazendo sucesso novamente. Esperamos que a próxima revele algo do mesmo nível, quem sabe até melhor.
Nota: 8,5
PS: Notem a possível brincadeira feita por Scorcese, colocando o personagem do DiCaprio como tendo enjôos em navegações. Titanic, hein?
Adorei o filme. Talvez não em uma escala de 5 estrelas, mas certamente me empolguei.
Nota 8,5